"Um grande passo em frente", foi assim que António Gonçalves Ferreira, Presidente da UNAC, classificou um novo equipamento apresentado no passado dia 28 de janeiro, em Coruche, em mais uma sessão de demonstração promovida pelo Centro de Competências do Pinheiro manso e Pinhão.
Pedro Amorim, Diretor de Produção da empresa Pineflavor, explica que este novo equipamento vibrador do tronco dos pinheiros, que pode ser acoplado a um trator, veio dar resposta a vários problemas.
Em primeiro lugar, “responde às questões de segurança que afetam este trabalho, que continua ainda a ser feito em grande parte de forma manual, dando todos os anos origem a acidentes, por vezes fatais”.
Vem ainda melhorar a capacidade de colheita, por um lado “resolvendo a crescente escassez de mão de obra”, mas também evitando o desperdício de pinhas “que acabam por não ser apanhadas na sua totalidade, quando são empregues meios humanos”, que nem sempre conseguem chegar ao topo das árvores.
Outra vantagem, segundo este responsável, traduz-se na “possibilidade de prosseguir com a apanha das pinhas, dentro do seu prazo legal limitado, em períodos de chuva, nos quais esta atividade se torna especialmente perigosa” para as pessoas.
O fator tecnológico
Finalmente, o novo equipamento agora apresentado integra também um sistema digital que faculta a recolha de uma série de dados que permitem fazer uma melhor gestão dos pinhais.
Inês Frazão, do Departamento de Marketing da Fravizel Engeneering, a empresa que desenvolveu esta nova tecnologia, explica que “graças à utilização de sensores e camaras, é possível planear e otimizar processos, gastando menos tempo e obtendo resultados superiores a 80% de eficiência”.
Pedro Amorim acrescenta que esta tecnologia inovadora, permite ainda “adaptar a vibração da máquina ao diâmetro do tronco de cada árvore”, evitando assim estragos e ajuda a “identificar as zonas menos produtivas, com base em dados exatos e não apenas em impressões mais genéricas, disponibilizando informação concreta”, com base na qual podem depois ser desenhadas intervenções que melhorem a produção de parcelas com menor rendimento.
Uma forte tendência para o futuro
Reconhecendo que houve no passado outros equipamentos com a mesma ambição, “uns mais pensados do que outros”, mas que nem sempre proporcionaram as melhores experiências aos produtores florestais, por não terem ainda os níveis de fiabilidade necessários, Pedro Amorim acredita que a mecanização da apanha da pinha veio para ficar. No seu entender, a globalização dos mercados e a concorrência direta de Portugal com países onde estes processos são feitos com custos bastante inferiores, fará desta tecnologia um fator decisivo para a competitividade do preço do miolo do pinhão.
A quem se destina o novo equipamento
Para António Gonçalves Ferreira, um dos próximos desafios será agora “criar um mercado para esta tecnologia, que viabilize a sua comercialização por parte da empresa que a desenvolveu em colaboração com a indústria e com a academia” e que permita continuar a aperfeiçoar o atual modelo.
Pedro Amorim acredita que “para proprietários com alguma dimensão o investimento na aquisição deste novo equipamento pode ser amortizado a curto prazo”. Para os pequenos proprietários a solução pode passar, na sua opinião, pelo “apoio das associações de proprietários florestais ou mesmo por investimentos conjuntos de grupos que se juntem para comprar e partilhar uma máquina”.
Em termos tecnológicos está dado o passo em frente, caberá agora aos produtores florestais, que fornecem a matéria prima, aproveitar esta nova oportunidade para poderem melhorar a sua produção e obter retornos mais interessantes para a sua atividade.