Casa cheia na AGROGLOBAL para debater a Floresta em Portugal

A UNAC – União da Floresta Mediterrânica promoveu na edição deste ano da AgroGlobal o seminário “Sem Rentabilidade Não Há Floresta”, colocando em debate a sustentabilidade económica e ambiental da floresta portuguesa após mais uma época marcada por incêndios.

Com esta iniciativa, a UNAC reforça a necessidade de políticas públicas que assegurem rentabilidade, gestão sustentável e valorização do papel dos produtores florestais, condições indispensáveis para garantir o futuro da floresta em Portugal.

O evento contou com a participação de Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, que destacou que 80% da floresta nacional se localiza em territórios de baixa densidade, sendo impossível falar de coesão territorial sem falar da floresta. Apesar do contributo positivo do setor para a economia — com um saldo da balança comercial superior a 3 mil milhões de euros em 2024 — os produtores enfrentam preços em queda e custos crescentes. “Sem retorno económico não há gestão. E sem gestão, há abandono”, alertou Mendonça e Moura.

O dirigente sublinhou ainda que Portugal não conseguirá cumprir as metas ambientais europeias sem o envolvimento ativo dos produtores florestais, defendendo que os serviços de ecossistema (como o sequestro de carbono, a prevenção de incêndios e a preservação da biodiversidade) devem ser remunerados de forma justa.

Sobre o Plano de Intervenção Florestal 2025-2050, Mendonça e Moura apelou à concretização prática: “Enquanto não vir apoios reais que tornem a atividade florestal rentável, continuo a acreditar como São Tomé: só acredito quando vir.”

Este mesmo Plano de Intervenção Florestal 2025-2050 voltou a estar em foco na sessão de encerramento do evento, que esteve a cargo do Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira.

Recordando esta estratégia de longo prazo recentemente apresentado pelo governo, assente em 19 medidas e 150 ações que pretendem responder aos principais desafios do setor florestal português, o governante sublinhou que “A floresta não pode ser apenas paisagem ou património ambiental — tem de criar rendimento e riqueza para o país. Só com rentabilidade conseguimos garantir o seu futuro”.

No âmbito deste plano, que tem um caráter intergeracional, com um horizonte de 25 anos, Rui Ladeira destacou ainda a importância da cooperação entre o Estado, o setor privado, o mundo associativo e a academia, para que seja garantida uma transformação decisiva no setor.