Agentes do setor da pinha apelam a união de esforços para reforçar sustentabilidade futura
A crise na produção de pinha e pinhão voltou a ser debatida entre industriais, produtores e representantes florestais, no recente Seminário organizado em Alcácer do Sal pelo Centro de Competências do Pinheiro manso e Pinhão: “Pinhal Manso – O Desafio da Produção”.
O encontro deu voz à forte preocupação com a sustentabilidade económica do setor tendo sido destacada a necessidade de reforçar o conhecimento técnico e abandonar a ideia de que o pinheiro-manso se gere sem bases sólidas. A falta de conhecimento, de vontade de aprender e de capacidade de cooperar, foram apontados como importantes desafios. Apesar das dificuldades, os participantes mostraram-se unidos na determinação de encontrar soluções e preparar o setor para o futuro.
Pedro Amorim, representante da indústria, destacou que os preços da pinha e do pinhão deverão subir na próxima campanha, mas os rendimentos continuam ainda a ser insuficientes: “A conta não fecha. Pagamos mais pela pinha do que conseguimos recuperar na venda do pinhão.” Mesmo a apanha mecânica, que no último ano reduziu custos para cerca de 21 cêntimos por quilo, não deverá ser suficiente para garantir viabilidade.
Entre os produtores, Miguel Carvalho, da Associação de Produtores Florestais de Coruche, alertou para a ausência de ciclos produtivos positivos: “Há cinco ou seis anos que ouvimos que vai melhorar, mas ainda não aconteceu.” O produtor identifica o primeiro ano de formação da pinha como o momento mais crítico, fortemente condicionado por falta de chuva, temperaturas elevadas e maior incidência de pragas.
Queixas também a sul onde Lourenço de Almeida, produtor na região de Grândola, afirma que desde 2010 quase não regista produção significativa: “Mesmo com tratamentos, adubações e ensaios intensivos, não surgem pinhas.”
Inúmeros desafios que – todos concordaram – requerem união de esforços e resiliência para uma forte aposta neste setor que faz parte da nossa identidade.