Quais são as perspetivas de futuro para a cadeia de valor da cortiça?

A UNAC propôs-se responder a esta pergunta convidando para um Webinar nas instalações da CAP, no dia 3 de abril, representantes da indústria, da academia e do mercado dos vinhos.

 

Horas depois do anúncio da imposição de tarifas comerciais à generalidade dos países pelo presidente americano Donald Trump, Sónia Vieira da Viniportugal, a marca que representa os vinhos nacionais, quis deixar uma nota positiva. Reconhecendo que o grande volume de exportações de vinho de Portugal para os Estados Unidos irá ser certamente ser afetado por estas medidas esta responsável quis, no entanto, sublinhar a resiliência do setor e a grande qualidade e potencial dos produtos comercializados pela Viniportugal. Na sua opinião graças a estes fatores de grande competitividade será possível contornar esta crise, a prazo, explorando mercados alternativos.

 

Em nome da APCOR, Paulo Américo de Oliveira, quis destacar o atual desafio de a produção de cortiça conseguir acompanhar as necessidades de um mercado em potencial crescimento. Ficou o apelo para que sejam promovidas novas plantações de sobreiros e seja também feita uma aposta na valorização do montado, nomeadamente com a promoção de outros produtos florestais e dos serviços de ecossistemas, que possam via a acrescentar valor a este tipo de floresta.

 

Helena Pereira, investigadora do Instituto Superior de Agronomia (ISA), focou-se na inovação e nas novas oportunidades que se estão a abrir para utilizações da cortiça, em áreas que vão muito além das que têm sido mais consideradas tradicionalmente. Da indústria aeroespacial à cosmética, passando pela saúde e pela impressão em 3D de peças de design, por novos bioabsorventes ou pela arquitetura, existe um vasto leque de novos mercados potenciais, que estão a abrir novas perspetivas para o futuro da comercialização da cortiça.

 

Em representação da UNAC e dos produtores, coube a António Gonçalves Ferreira sublinhar a importância de a cortiça ser paga a preços que tornem a sua produção rentável, condição sem a qual muito dificilmente se poderá assegurar a viabilidade deste setor. No atual enquadramento desfavorável nas frentes climática, institucional e de mercado, ficou o apelo para um compromisso a longo prazo, assente na união equitativa de esforços de todas as partes interessadas, produção, estado e indústria, que considere o grande potencial desta cadeia de valor e assegure uma forte aposta no seu futuro reforço.